quarta-feira, 27 de julho de 2011

Classes D e E dão fôlego às novas empreendedoras

Fonte: Jornal Valor Econômico - 25/07/2011

O Global Entrepreneurship Monitor 2010 (Gem), divulgado pelo Sebrae, mostra que dos 21 milhões de empreendedores no Brasil, metade são mulheres. Em outros lugares, normalmente, existem diferenças de 20% entre os gêneros. O que surpreende é que esse alto índice só é possível porque houve incorporação das mulheres de classe D e E.

"Estamos num momento em que os mercados formal e informal estão aquecidos, há um forte movimento no empreendedorismo e na economia solidária. É um período virtuoso para ser comemorado", afirma Gina Paladino, socióloga especialista em empreendedorismo feminino. "É possível dizer que as mulheres entram para empreender não porque o marido está desempregado em casa. É para complementar a renda."

Mas na hora de empreender, diz Gina, a mulher sofre mais com a burocracia do que o homem. Por serem as principais responsáveis pelas tarefas do lar e da família, as mulheres dispõem de muito menos tempo para perder em filas dos guichês e exigências que dificultam abertura de empresas.

A natureza subjetiva da mulher também é outro entrave, de acordo com Gina. "Mesmo nos países com abundância de crédito, o homem tem mais acesso aos investimentos porque trata dos assuntos de forma objetiva", explica. "A mulher, quando vai pedir crédito, costuma dar uma volta enorme, típica de sua natureza. Fala da família, dos filhos e dos motivos do seu empreendimento. Os atendentes precisavam estar treinados para entender isso."

O Relatório Corporate Gender Gap 2010, que avalia a diferença entre gêneros no mundo corporativo, destaca que o Brasil é um dos países com mais empresas com CEOs do sexo feminino (11%), enquanto no México, nenhuma mulher aparece neste patamar. Uma pesquisa encomendada pela divisão América Latina e Caribe da FedEx Express com mulheres em posições de liderança em empresas feitas nestes dois países aponta educação e experiência prática como principais fatores para o sucesso no empreendedorismo.

O fato de "terem crescido em um ambiente no qual a educação e o trabalho eram valorizados impactou positivamente suas carreiras", mostra a pesquisa.

"A ascensão da mulher no mercado é importante para o desenvolvimento do país. Índices mostram que o maior equilíbrio entre homens e mulheres no mercado de trabalho resultou em um aumento do produto interno bruto de 9% nos Estados Unidos, 13% na zona do Euro e 16% no Japão", explica Marilyn Blanco Reyes, vice-presidente Jurídica da divisão América Latina da FedEx.

"As mulheres trazem visões complementares e estilos diferentes de gestão. Sua influência traz um efeito multiplicador na educação, dentro e fora do mundo corporativo", explica.

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